Por toda a mansão ecoava aquele leve, mas delicioso som. O crepitar de cada nota, cada uma tão diferente da anterior, cada uma com uma suavidade lugubre, capaz de estilhaçar corações, de aquecer almas. Por toda aquela mansão enorme, quase que vazia e escura como o breu, ecoava o som de um piano.
No coração do edificio, numa sala cujas paredes brancas, feitas de marmore, reluziam com a luz de um mero candeeiro, estava Vergil. Sentado frente a frente com um piano negro, as suas mãos moviam-se leve, mas quase que mecanicamente. Tocava um épico de Mozart, e ao fazê-lo, sentia-se relaxar. Sentia algo que não sentia facilmente, uma tristeza imortal que lhe corroia os pensamentos.
E sentia uma lágrima a escorrer-lhe pela face. Lembrava-se do seu passado. De tudo o que tinha feito. E de tudo o que tinha a fazer. Pensava na sua vida, no seu passado, presente, futuro vindouro.
Pensava se devia treinar. Mas para quê ? O seu fisico estava no auge. A sua mente, no pico da intelectualidade mortal. Não precisava de mais nada. Apenas de um adversário no ringue, e de um objectivo. E já tinha ambos.
" ... Silver ... "
DeVigo continua a tocar ininterruptamente noite fora, no maior dos relaxamentos mortais.